O grupo chinês HNA vai investir 1,7 mil milhões de reais (427 milhões de euros) na Azul de David Neeleman, o sócio industrial dos compradores da TAP, num movimento que a imprensa internacional relaciona com os preços de saldo para os quais caíram os activos brasileiros e com a necessidade da Azul de suprir os sucessivos cancelamentos da colocação das suas acções em bolsa.
Para a agência de notícias Boomberg, o investimento do HNA na Azul é uma “Lifeline” para a companhia brasileira de Neeleman, salientando que a desvalorização do real este ano atinge 29%, com impacto muito acentuado nas contas das companhias aéreas, que têm grande parte dos custos em dólares e a maioria das receitas em reais.
A acrescer a esse efeito, as companhias aéreas sofrem ainda da recessão que a economia brasileira está a atravessar, designadamente a nível de enfraquecimento da procura e, especialmente, da procura de tarifas mais elevadas, o que lhes limitava a capacidade de planeamento ao curto prazo.
Segundo a notícia da Bloomberg, com o investimento do HNA, a tesouraria da Azul sobe para 2,5 mil milhões de reais, o que leva o seu presidente, Antonoaldo Neves, a comentar “Agora estamos supercapitalizados”.
Antonoaldo Neves, que segundo a mesma notícia falava numa entrevista telefónica, explicou que foi num almoço em Brasília em Maio passado que se iniciaram os contactos entre a Azul e o HNA.
O executivo, que explicou ainda que depois viajou para Pequim em Setembro para começar as negociações, acrescentou que o investimento do HNA a Azul não precisa de mais injecções de capital nos próximos anos.
Quanto ao propósito dos chineses com o investimento na Azul, as notícias salientam que o HNA tem estado numa espiral de compras no estrangeiro, as mais recentes das quais na Tuniu
O grupo, além desses investimentos, também tem participações na Pierre & Vacances, na Aigle Azur e na NH Hotels.
A perspectiva que transparece é que o NHA está a aplicar liquidez em activos que considera estar subvalorizados, designadamente nas áreas do turismo e das viagens.
O grupo HNA, como salientam as notícias, é um conglomerado baseado na ilha de Hainan e que no ano passado atingiu receitas de aproximadamente 21 mil milhões de dólares.
Os seus activos, no montante de 76 mil milhões de dólares, englobam designadamente companhias aéreas que têm uma frota conjunta de 630 aviões que voam para mais de 210 cidades na China e no estrangeiro, incluindo designadamente a Hainan Airlines, Tianjin Airlines, Deer Jet, Lucky Air, Capital Airlines, West Air, Fuzhou Airlines, Urumqi Air, Yangtze River Express, My Cargo, Africa World Airlines e Aigle Azur.
O grupo conta também com as divisões HNA Capital (na área financeira e de seguros), HNA Tourism (com 89 agências de viagens, uma empresa de cruzeiros de luxo, a Henna, a Transforex, de câmbio, entre outros negócios), HNA Hospitality Group (com 440 hotéis na China e no Exterior, tendo como principal marca a Tangla Hotels and Resorts), HNA Airport Group (que administra oito aeroportos, com fluxo de quase 40 milhões de passageiros), HNA Real Estate (do sector imobiliário, com actuação em mais de 40 cidades), HNA Retailing (com lojas de departamento como Xian Minsung, supermercados Joindoor e Shanghai Jiadeli e mais 330 negócios), e HNA Logistics (incluindo uma das dez maiores armadoras da China)
Publituris / Photo:Alain Charpentier